Estas sugestões de atividades estão divididas nas seguintes partes:
- Introdução
- Painel no 2 – Antes da Shoá
- Painel no 8: Orfanatos
- Painel no 3 – Vésperas da Explosão da Guerra
- Painel no 5 – Theresienstadt
- Painel no 9 – Abrigos para crianças na França
- Painel no 11 A: No esconderijo
- Painel no 13 – Fuga
- Painel no 14 – Retorno à Vida
Para cada sugestão há também uma proposta para o prosseguimento da atividade em sala de aula, depois da visita dos alunos à exposição em companhia do professor.
O Yad Vashem preparou estas sugestões de atividades como material auxiliar para os professores, para que possam visitar com suas classes a exposição itinerante: “Não é brincadeira para Crianças”.
O material contém sugestões de atividades na exposição, destinada à escola primária e também ao ensino médio.
Além disto, há também sugestões de trabalho em sala de aula, após a visita dos alunos à exposição itinerante.
O Caráter da Exposição
A Shoá (Holocausto) mudou o modo de vida das crianças. A realidade forçou uma mudança nos papéis sociais e familiares das crianças. A exposição fala da sobrevivência – a luta das crianças para se manterem vivas, e do esforço para conservar sua infância na difícil realidade que as cercava.
Cabe ao educador esclarecer a crescente tensão entre a tentativa das crianças de preservar a infância, e seu amadurecimento precoce, resultante da exposição a condições difíceis e devido às mudanças dos papéis familiares e de seu lugar na sociedade num mundo em desintegração.
A- A exposição trata do mundo infantil através da apresentação de brinquedos e desenhos, que recebem diferentes significados à sombra da Shoá.
- Os jogos destinam-se a alegrar a criança e ajudá-la em seu desenvolvimento. Com a ajuda do brinquedo, a criança exercita o controle do seu mundo, proximidade, pertinência. Na Shoá, o brinquedo passou a ter outros usos, e seu significado foi adaptado ao mundo das crianças, que sofrera uma reviravolta. O brinquedo passou a ser símbolo da ligação da criança com seu mundo anterior, a última coisa a conectá-la com a infância.
- Os desenhos são uma expressão do mundo interior da criança, que através deles expressa seus sentimentos e anseios, e processa as experiências pelas quais está passando. Veremos como os desenhos preservam o mundo interior da criança, quando tudo à sua volta está mudando, e como a realidade da Shoá está refletida nos desenhos infantis.
B- Épossível dividir a exposição em três períodos: antes da Shoá – durante a Shoá – depois da Shoá. Cada um dos painéis se relaciona a um destes três períodos. Antes da Shoá: Cabe ao professor tratar de forma ampla a vida anterior, a fim de criar empatia para com as crianças que viviam vidas normais num mundo infantil, no qual desfrutavam de segurança, rotina e ordem.
Durante a Shoá: A parte principal da exposição mostra o estilhaçamento do mundo da criança judia e as tentativas de preservar a ligação com o mundo anterior. O professor deve mostrar estas tentativas de preservar o mundo da infância através dos brinquedos, de trabalhos artísticos, da organização de estruturas adequadas, na medida do possível, à nova realidade.
Depois da Shoá: Como se constrói um mundo sem uma base de infância e educação formal? O que aconteceu depois da guerra com as crianças que sobreviveram à Shoá? Nesta parte debatemos os esforços das crianças sobreviventes em criar uma continuidade, depois de terem sido privadas de uma parte tão significativa de seu tempo de formação.v
A exposição é composta por 18 painéis e 2 filmes.
Observação 1: É recomendável que o professor oriente as crianças e que não haja uma situação em que elas se orientem sozinhas ou que circulem de forma independente entre os painéis.
Observação 2: A fim de estar preparado para orientar os alunos na exposição (e para poder entender as atividades), o professor deve ler os textos exibidos nos painéis e conhecer as fotos e objetos da exposição. Esta material se encontra em um arquivo em separado.
Observação 3: As sugestões contidas aqui não incluem todos os painéis. Foram selecionados alguns, considerados mais apropriados à linha de raciocínio que definimos acima.
Observação 4: Para os alunos da escola primária, recomendamos preparar-se da seguinte forma:
Antes da visita à exposição, pedir aos alunos que tragam, na medida do possível, no dia da visita, retratos de quando eram menores, com brinquedos. Caso não tenham, é possível pedir uma foto especialmente significativa para eles, sem explicar-lhes o objetivo. O uso das fotos servirá de introdução à exposição.
O objetivo é debater temas como: Para que serve o jogo? Que importância tinha ele em seu passado? Será que lembram alguma história especial relacionada ao jogo? Vocês guardam o brinquedo até hoje? Em caso positivo, por quê? Se não, como foi que se separaram?
Objetivos Educacionais:
- Compreensão do mundo das crianças judias na Shoá, numa tentativa de concentrar-se no particular para, a partir daí, abordar o geral.
- Criar empatia em relação às vítimas.
- Compreensão dos direitos da criança e debate sobre o tema com base no mundo das crianças judias na Shoá. Após a exposição, sugerimos realizar em sala de aula um debate aprofundado sobre a violação dos direitos da criança, de forma a criar um compromisso de preservação destes direitos.
Sugestão de atividades com alunos da escola primária
- Antes de entrar no espaço da exposição:
Sentar os alunos em roda e que cada um diga algumas palavras sobre o retrato que trouxe. O professor pergunta: Para que serve um jogo? Qual a relação com este mesmo jogo no passado e hoje?
- Na própria exposição
Antes da Shoá
Aqui cabe ao professor fazer uma introdução sobre o mundo infantil às vésperas da Shoá
Pergunta para os alunos:
- O que há de comum entre o mundo de vocês e o das crianças que aparecem nas três fotografias?
Orfanatos
Diante do retrato de Janusz Korczak, conte sobre ele aos alunos: sua figura de educador antes da guerra e sua atividade no Gueto de Varsóvia.
Perguntas para os alunos:
- Vocês tocam algum instrumento?
- O que lhes proporciona o mundo dos instrumentos musicais?
- O que vocês gostam de ouvir?
- Que lugar ocupa a música em suas vidas?
- Será que os instrumentos musicais têm outra função além de serem tocados? Qual?
- Na Shoá, os instrumentos musicais ganharam um outro significado, pois com o aumento do sofrimento cresceu a necessidade de meios que fizessem as pessoas escaparem do mundo material e da pobreza.
Vésperas da Explosão da Guerra
Pergunta para os alunos
Façamos uma comparação entre esta foto e aquela do Painel no 1, de antes da Shoá:
- Não se passou muito tempo entre o dia em que a foto que vimos antes foi tirada e esta que vemos agora. No retrato vemos crianças refugiadas contrabandeadas da Alemanha. O que é diferente? Quais as diferenças entre as fotos?
- Nas fotos do primeiro painel vimos crianças segurando seus brinquedos, parecendo felizes e confiantes. Nesta foto, o menino parece agarrar o brinquedo como se ele o defendesse, como se o brinquedo servisse de barreira entre a criança e o mundo. O brinquedo não se encontra em seu “estado natural”, ele passa a ser um instrumento de defesa. Seu papel muda no mundo das criança.
Theresienstadt (focalizar a folha do jornal Kamarad que aparece no painel)
Na introdução ao painel é preciso fazer um histórico sobre o Gueto de Theresienstadt e a vida das crianças no local.
Perguntas para os alunos:
- Na opinião de vocês, o que contam as crianças no jornal Kamarad, que saía no gueto e era escrito por elas?
- No jornal as crianças contam sobre suas experiências no gueto e o mundo que conheciam antes de chegarem a Theresienstadt. - Na opinião de vocês, o que se vê na página de quadrinhos apresentada? Por que aparecem desenhos como estes no jornal do gueto?
- Corrida de carros. O menino Ivan Polak, editor do jornal, desenhou, a partir de seu mundo interior, temas pelos quais se interessava. No estilo dos quadrinhos, a página está dividida por linhas traçadas de forma geométrica, e isto dá uma sensação de ordem. É possível referir-se ao fato de que Ivan optou por um pseudônimo, como faziam e fazem escritores adultos, mais (ou menos) famosos. - O que proporciona às crianças o fato de escreverem e desenharem para o jornal?
- Ocupação para as crianças.
- Atende à necessidade de contar e compartilhar experiências do dia-a-dia.
- Possibilidade de criação e expressão numa realidade difícil.
Observação para o professor: se os alunos perguntarem como é que conseguiam o material para desenhar, é possível explicar que no gueto de Theresienstadt era possível ter acesso a esse material: pintores que foram forçados a trabalhar pelos nazistas, material que os judeus trouxeram consigo, pacotes enviados ao gueto.
Abrigos para crianças na França
Introdução: Vamos falar sobre as crianças judias que foram escondidas dos nazistas e seus colaboradores.
Perguntas para os alunos:
- Em que vocês pensam quando ouvem a palavra esconderijo? Quando é que vocês se escondem?
Na vida de uma criança normal, esconder-se é, na maioria das vezes, uma brincadeira. Mas na época da Shoá o esconderijo era uma forma de ganhar tempo, numa tentativa de esperar a guerra passar. Contudo, ficar durante um período ali não é uma coisa simples: trata-se de um lugar limitado e limitante. Como as crianças faziam o tempo passar nos esconderijos? Como mantiveram a noção do tempo?
Poema: Enquanto escovávamos os dentes
Ler o poema
E racomendável e deve-se
economizar pasta de dentes.
Está proibido desperdiçar e colocar pasta demais.
Pois deve-se observar para que para que dure um mês inteiro.
Se ficar seca, será jogada fora,
Mas se reciclará e reciclará.
Pergunta para os alunos:
- Segundo o poema, o que tentaram os educadores ensinar às crianças nos locais de esconderijo?
- O poema parece agradável e infantil, mas de fato traz uma mensagem às crianças: agora é preciso economizar.
- O poema simboliza o fato de que agora o acampamento que serve como esconderijo representa um lar para as crianças, onde elas realizam as atividades diárias de rotina.
- A escova de dentes é considerada como algo normal, tenta-se não perder a normalidade.
É preciso explicar aos alunos que os acampamentos de verão na Shoá não tinham por objetivo proporcionar às crianças uma experiência de vida na natureza, mas serviam de disfarce para as crianças perseguidas.
Perguntas aos alunos:
- Você já esteve num acampamento de verão? Por que foi para lá? A vida no acampamento foi divertida? Quanto tempo você ficou por lá?
- O menino faz suas necessidades; normalmente este ato seria realizado privadamente, entre quatro paredes.
- Agora o acampamento de verão se transforma na realidade diária, é impossível voltar para casa quando dá vontade.
Perguntas para os alunos:
- O que vemos aqui? Quem fez este tabuleiro de jogos?
- O que podemos aprender com o fato de Ehud Lev ter feito seu próprio tabuleiro de jogos?
- As dificuldades da guerra levavam as crianças a usar sua criatividade, construindo seus jogos com as próprias mãos. Esta é uma iniciativa importante, permitindo que as crianças voltem ao mundo da infância e, ao mesmo tempo, demonstra a capacidade delas de proteger seu próprio mundo infantil. Vemos também que o jogo nunca deixou de ser um componente importante na vida de uma criança, mesmo quando a realidade a obriga a abrir mão de algumas liberdades às quais tem direito por ser um ser humano que ainda não concluiu o processo de amadurecimento.
Cabe contar aqui a história de Ehud Lev:
Herbert Odenheimer, que hoje se chama Ehud Lev, sobrevivente da Shoá, que esteve escondido durante a guerra no abrigo de crianças do Castelo Chabannes, na França, veio à abertura da exposição “Não é brincadeira para Crianças”. De repente reparou num tabuleiro de xadrez que, por alguma razão, lhe parecia conhecido. O tabuleiro estava assinado na parte inferior à direita com o nome “Herbert”. Num telefonema à organização OSE (Oeuvre de Secours aux Enfants, ou Obra de Socorro às Crianças) na França, organização judaica de assistência social que dirigiu o abrigo das crianças, descobriu que tinha havido apenas um Herbert no Castelo Chabannes durante a guerra. Lev ficou impressionado ao descobrir que o tabuleiro de xadrez que ele construíra quando criança era, passados tantos anos, parte da exposição “Não é brincadeira para Crianças” no Yad Vashem. Hoje, ele mora em Jerusalém e presta seu testemunho a alunos e professores.
Resumo:
Para preservar as crianças mentalmente, e não apenas fisicamente, é preciso garantir que nada seja monótono e que haja atividades agradáveis.
- Possibilidade de criação e expressão numa realidade difícil.
- Observação para o professor: é possível destacar o fato de que as crianças nos esconderijos trocaram seus nomes, a fim de disfarçar sua identidade judaica. Ehud começou sua vida como Herbert na Alemanha, passou a ser Hoover na França e hoje se chama Ehud. De que forma isto afeta a criança? Às vezes o nome é uma das poucas coisas que os pais haviam dado a seus filhos e eles conseguiram manter.
- Outra observação: é preciso explicar aos alunos o temor constante sob o qual viviam as crianças: ou de serem descobertos pelos nazistas e seus colaboradores ou de serem delatados por vizinhos.
No esconderijo
No retrato vemos Max Hefner e seus amigos na entrada do galinheiro, o local que serviu de esconderijo para sua família. À direita é possível ver os desenhos que fez no esconderijo familiar.
Perguntas para os alunos:
Gerais:
- Vocês acham que Max morava num lugar agradável? Vocês gostariam de viver assim?
- As condições eram muito difíceis: ele tinha que morar no galinheiro, com animais, sujeira e um cheiro desagradável; não tinha um quarto próprio, nem uma cama macia e quente, como havia em sua casa. Não se podia sair da fazenda. - O que se vê nos desenhos? O que será que Max quer nos contar?
- Nos desenhos é possível ver a realidade de Max no esconderijo: por um lado sabemos que as condições eram difíceis, por outro, os desenhos também expressam as coisas bonitas do mundo animal e da fazenda que o cercavam.
É importante ressaltar aos alunos que, mesmo nesta realidade difícil, o menino preserva a vitalidade e continua a criar.
- Quem são os principais personagens do desenho? O que eles estão fazendo?
- Max desenhou Davi e Golias, símbolo do passado judaico glorioso.
- O menino pequeno pode vencer o grande: os judeus podem ganhar dos nazistas; o desenho expressa sua esperança na vitória sobre a Alemanha nazista.
Observação para o professor: É possível iniciar um debate sobre o significado de ser forte em tais circunstâncias, através dos desenhos de Max.
Fuga
Na introdução deste painel, o docente deverá explicar a bagagem de Terezin e a vida que as crianças aí levavam.
Contar aos alunos um pouco sobre Claudine e a boneca.
Claudine Schwartz-Rudel tinha sete anos quando fugiu com seus pais de Paris para o sul da França. Antes de deixarem Paris, os pais deram a Claudine uma boneca chamada Colette. A boneca era fonte de orgulho e prazer para a menina. Claudine conta que, durante a guerra, nas situações difíceis, Colette “era meu único apoio”. Mas não podia entender porque seus pais davam tanta atenção à boneca. Eles vivam dizendo a Claudine não quebrasse a boneca, não a deixasse sozinha e tomasse cuidado para que não se molhasse. Só mais tarde é que Claudine soube que Colette também servia de cofre. Todas as noites seu pai abria um compartimento secreto dentro da boneca e dali retirava dinheiro e outros objetos de valor, dos quais se serviu a família para subornar as pessoas que os ajudaram a conduzi-los a lugares seguros. Quando a família chegou afinal a seu destino, Claudine cortou o cabelo, e com parte dele fizeram uma peruca para a boneca, que já estava careca de tantos cuidados e abraços. Hoje Claudine mora em Jerusalém e trabalha no Yad Vashem.
Perguntas para os alunos:
- Vocês têm ou tiveram bonecas? O que significa uma boneca para vocês?
- Que uso fez Claudine da boneca antes e no início da guerra? Que uso fez a família durante a guerra?
- Recomenda: se continuar com a história de Claudine na Parte B, em sala de aula.
- Recomendações: Sugerir que as crianças escrevam cartas a Claudine.
Retorno à Vida
Contar a história do rabino Lau, que se salvou e construiu uma vida nova e produtiva após a Shoá.
Atividade de sequência em sala de aula:
Na sala de aula é possível dar continuidade à atividade através da história da boneca Colette.